sexta-feira, 19 de maio de 2017

O MÚSICO E SUA RESPONSABILIDADE COMO IGREJA



Quanto mais meditamos nas Sagradas Escrituras mais vemos que a música na igreja está se distanciando da sã doutrina, não só a expressão musical como também os músicos, algo que não é novidade para ninguém no contexto evangélico brasileiro, pois muitos que estão envolvidos de alguma forma na música são descompromissados e ignorantes biblicamente. (É evidente que existem exceções e que há lideranças comprometidas com a formação teológica de seus músicos).

E por que um momento tão importante do culto público é tratado com tanta negligência?

O momento do louvor é a oportunidade que a igreja tem para participar coletivamente da adoração ao Senhor, seja um membro ou visitante, todos podem participar da exaltação a Deus, além do mais, é uma ocasião de preparo para todos ouvirem o sermão. 

Hoje em dia, qualquer individuo que saiba tocar meia dúzia de acordes (o essencial para grande parte das músicas ditas "gospel") e que tenha um certo potencial artístico, é destacado para ministrar e participar do momento de suma importância no culto, o louvor. Entretanto, este músico precisa de preparo bíblico, ser discipulado, e participante ativo da escola bíblica e culto doutrinário, pois as músicas selecionadas para o culto devem ser doutrinariamente corretas, ou seja, sem erros grosseiros, que distorçam pontos basilares da fé cristã. As músicas também devem estar intrinsecamente ligadas com o conteúdo do sermão, o louvor e a palavra caminham juntos.

A composição dos hinos antigos eram basicamente feitos por teólogos e pastores, assim podemos avaliar a qualidade tanto doutrinária quanto artístico/musical, pois a maioria desses hinos estão contidos nos hinários mais tradicionais de nossas denominações e frequentes na liturgia dos cultos até os dias de hoje. O antigo testamento evidencia que os sacerdotes também eram responsáveis pela música: "E Sebanias, Jeosafá, Netanel, Amasai, Zacarias, Benaia, e Eliezer, os sacerdotes, tocavam as trombetas perante a arca de Deus; e Obede-Edom e Jeías eram porteiros da arca." 1 Crônicas 15:24. A música contemporânea de nossas igrejas aos poucos tem perdido o função didática e está buscando apenas o emocionalismo dos adoradores, a busca pela satisfação pessoal nas musicas tomou conta da vida dos fiéis. Negligenciar os conteúdos dos hinários tradicionais é um outro grande erro.

Em muitas denominações não existe acompanhamento individual dos músicos por parte da liderança, e muito menos a verificação se há conhecimento bíblico suficiente para desempenhar tal papel. Alguém poderia perguntar: "Por que ter conhecimento bíblico se vou apenas tocar?". Nós temos que considerar que o louvor na igreja, em hipótese alguma deve ser comparado aos grandes shows ou workshops musicais. Partimos do pressuposto que o músico antes de tudo é um crente em Jesus como qualquer outro, portanto “crescer em graça e conhecimento - Pe 3.18 –, e “manejar bem a palavra da verdade” - 2 Tm 2.15, incluem também os músicos cristãos.

Contudo, para que o músico tenha esta compreensão a igreja tem o dever de ensinar a doutrina cristã, formando crentes tementes a Deus, fundamentados na fé, equilibrados, que em tudo honrem ao Senhor e pensantes. Se planejamos formar cristãos maduros temos que fornecer alimento sólido. "Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal." Hebreus 5:13,14. Os músicos também devem ser ensinados e admoestados sobre o zelo e responsabilidade neste serviço. "Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente;" Jeremias 48:10a

Tudo isto que comentamos até aqui nos leva a outro ponto importante: Devemos ter músicos preparados e aptos nas sagradas escrituras para identificar as heresias do "mercado musical gospel" e assim evitar que a igreja cante aos quatro ventos músicas não fundamentadas na Palavra. 

Outro ponto importantíssimo é que o louvor no culto público também é um momento de ensino e pregação. Lutero, Calvino e tantos outros reformadores, durante e após a Reforma Protestante, usaram muito bem este método de ensino da Palavra, a igreja crê naquilo que ela canta. Assim como a igreja deve preparar bem os obreiros vocacionados para a função pastoral, um mínimo de preparo precisa ser adotado para os músicos.

Payton afirma que os músicos líderes do Antigo Testamento - Hemã, Asafe e Etã (I Crônicas 15.19) -foram os primeiros dentre todos os sacerdotes levitas, homens que dedicaram suas vidas ao serviço do Senhor (v. 17), homens treinados nas Escrituras e hábeis no manejo da Palavra de Deus. Seus nomes estão registrados como autores de alguns dos salmos inspirados (Sal 73-83; 88.1; 89.1). Payton escreve: Foi Asafe que proclamou que Deus é dono 'de 'milhares de cabeças de gado nas montanhas' (Salmos 50.10). Se um músico de uma igreja moderna tivesse escrito uma letra de louvor como o Salmo 50, ele provavelmente não conseguiria publicá-la na indústria de música cristã. E ele talvez estivesse bem perto de ser demitido da sua igreja. O Salmo 88 de Hemã é incontestavelmente o mais triste de todos os Salmos. Em suma, músicos levitas escreveram Salmos e esses Salmos não foram subjugados às exigências emocionais e gnósticas da música evangélica do século XX. I Reis 4.31 escreve sobre Salomão: “E era ele ainda mais sábio do que todos os homens, e do que Etã, ezraíta, e Hemã, e Calcol, e Darda, filhos de Maol; e correu o seu nome por todas as nações em redor.” Payton indica a importância desta afirmação: Se Salomão não tivesse vivido, dois músicos teriam sido os homens mais sábios. Resumidamente, músicos eram professores da mais alta categoria. Isto me leva a pensar que os músicos levitas, tendo sido espalhados pela terra, serviram como professores de Israel. Mais ainda, os Salmos eram seus livros-texto. E porque este livro-texto era um livro de canto, provavelmente os músicos levitas catequizaram a nação de Israel cantando os Salmos. (1)

Ainda citando Asafe, Hemã e Jedutum eles eram pessoas de influência perante o rei, tinham também a função de conselheiros (videntes) e os cantores foram escolhidos entre seus descendentes. "Então o rei Ezequias e os príncipes disseram aos levitas que louvassem ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria e se inclinaram e adoraram." 2 Crônicas 29:30 

"E os cantores, filhos de Asafe, estavam no seu posto, segundo o mandado de Davi, e de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, vidente do rei, como também os porteiros a cada porta;" 2 Crônicas 35:15

O rei Davi escolheu os descendentes de Asafe, de Hemã e de Jedutum para o serviço musical, assim podemos observar que era necessário estar preparado para a função e que os homens deveriam ser cientes de suas responsabilidades na adoração pública. "E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu ministério:" (…) o qual profetizava com a harpa, louvando e dando graças ao Senhor." 1 Crônicas 25:1;3

"Gostem ou não, compositores são professores também. Muitas das letras que escrevem serão muito mais enraizados profunda e permanentemente nas mentes dos crentes do que qualquer coisa que pastores ensinem do púlpito. Quantos compositores são hábeis o suficiente em teologia e nas Escrituras para se qualificarem para tal papel fundamental na catequese do nosso povo?" (2)

"Compositores modernos claramente precisam levar suas tarefas a sério. As igrejas também devem fazer tudo que puderem para cultivar músicos que sejam treinados no manuseio das Escrituras e capazes de discernir a doutrina sólida. Mais importante ainda, os pastores e anciãos devem acompanhar mais de perto e mais cuidadosamente os ministérios de música na igreja, conscientemente fixando um alto padrão para o conteúdo bíblico e doutrinário do que cantamos. Se estas coisas forem feitas, nós começaremos a ver uma dramática diferença qualitativa na música que vem sendo composta para a igreja." (2)

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