O tema do nosso
post de hoje é bem delicado e por isso precisa ser discutido com
parcimônia e amadurecimento antes que o Ministério do Trabalho ou
Previdência Social, sempre ávidos por novos contribuintes, acabem
batendo às portas de igrejas e templos evangélicos: o músico deve ser
remunerado para tocar nos cultos?
Esse é um debate
bastante atual no cenário evangélico brasileiro tendo em vista a
importância e o justo reconhecimento que a categoria tem recebido por
parte de suas comunidades e também fora delas já que é da igreja que
muitos músicos de ponta têm surgido para o cenário secular.
Formar uma opinião
a respeito do pagamento desses músicos requer o exame das duas
principais correntes de opiniões que ecoam dessa discussão: a que diz
que o músico deve servir sua comunidade de maneira voluntária sob o
receio de que, do contrário, perca-se o valor do serviço cristão que
deve partir do coração de cada um e com ofertas voluntárias. Por outro
lado, existe uma parcela da sociedade que defende ser justo remunerar os
profissionais que se dedicam integralmente ao trabalho espiritual e que
para isso têm como veículo a Música. Diz um ditado popular que ora duas
vezes aquele que louva fervorosamente.
Aqui no blog e nas
ações da nossa fanpage temos nos dedicado a mostrar caminhos possíveis
para sobreviver como profissional da Música e, dessa vez, vamos nos ater
aos argumentos da ala favorável ao pagamento dos músicos da igreja.
Ainda que muitos
discordem severamente dessa prática, começam a surgir exemplos de
igrejas que dispõem de mais recursos contratando músicos para o serviço
ministerial e os remunerando com um salário fixo que claramente não
chegam nem perto da cifras alcançadas pelos palcos do mundo, mas que
abarcam o digno e justo sustento de suas famílias.
São comunidades
que não têm hesitado em melhorar a qualidade do trabalho musical, ora
investindo na profissionalização dos que se sentem chamados a servir
como músicos, ora, aprimorando os recursos como na compra de
instrumentos e acessórios musicais de qualidade além da construção de
espaços dedicados aos ensaios, para melhor contribuir com o crescimento
dos responsáveis pela atividade musical na exata medida de como os
músicos contribuem para o crescimento espiritual do próximo.
Um dos entraves
para que se chegue a um consenso sobre se o músico deve ou não ser
remunerado pela igreja repousa no fato de que nem todos consideram o
desempenhar da Música um trabalho! Alguns músicos que tocam em igrejas
apontam que algumas delas têm dificuldade de entender a profissão a
ponto de sustentá-los financeira ou até espiritualmente, ao passo que o
contrario também é realidade: há músicos que não entendem o que é o
Ministério e deixam de atuar voluntariamente em trabalhos e projetos
evangelísticos quando podem.
A Bíblia diz que “o trabalhador é digno do seu salário”
(Mateus 10:10 e Lucas 10:7) e este é um dos principais argumentos
usados pelos que defendem o pagamento de músicos nas igrejas. De fato,
os textos dizem que aquele que realiza algum trabalho merece a
remuneração que lhe é devida, no entanto, não estão falando
exclusivamente dos músicos. Logo, partindo desse pressuposto, a prática
da remuneração deveria se estender a todos que se dedicam à igreja, mas,
admitindo essa posição, não estaria a comunidade seguindo para um
confuso e desordenado caminho de profissionalização da vida eclesiástica
e abandonado o sentido nato, mais puro e sincero do servir?
O músico que têm
como sustento o trabalho fora da igreja, muitas vezes se vê em uma
“sinuca de bico”, pois, geralmente é nos fins de semana o momento em que
ele é mais requisitado para fazer shows, em teatros ou bares, ou seja,
mesmo período em que a igreja está mais atuante. Algumas igrejas têm
sanado essa questão remunerando seus músicos e, assim, claro, contando
com eles em tempo integral.
Ficar disponível
inteiramente ao trabalho ministerial também ajuda o músico cristão a
sanar um duro conflito que consiste no fato e que muitos não mais se
sentem a vontade em trabalhar em ambientes que vão no sentido oposto de
sua filosofia de vida: bares, casos noturnas, danceterias, enfim, locais
que não condizem mais com a verdade daquele vocalista ou
instrumentistas, cantando e tocando conteúdos que muitas vezes encorajam
o público a comportamentos escusos, inadequados e contrários ao
próprio pensamento cristão.
Outra problemática
a ser refletida: algumas igrejas pagam cachês indiscriminadamente à
músicos que não frequentam as atividades daquela comunidade para tocarem
esporadicamente, o que gera um certo mal estar, pois, seus membros não
podem afirmar sobre sua verdadeira conversão, se esses músicos são
genuínos servos de Deus. Nesse caso, há quem defenda então que se
remunere os músicos do Ministério para que possam atuar com
tranquilidade e se dedicarem integralmente à obra.
A maior parte das igrejas que remuneram seus músicos justifica a
decisão como possibilidade da comunidade abençoar os seus levitas e
estimulá-los já que alguns líderes ministeriais acabam tendo de lidar
com músicos desanimados, que não se preparam técnica ou espiritualmente.
Neste cenário, o
mais comum é que a remuneração ou salário seja opção para os músicos que
se dedicam integralmente à obra, dispondo-se totalmente ao serviço.
Claro, a remuneração não exime o músico daquelas muitas atividades
necessárias na igreja e que nem sempre serão remuneradas: é preciso ter
discernimento dos momentos em que se pode considerar merecedor de um
pagamento.
Abrindo essa
discussão a todos e correndo o risco de sermos mal interpretados por
muitos pastores e responsáveis pelos Ministérios da Música, esclarecemos
que agimos de acordo com nossa consciência e visão sempre bastante
explícita aos que acompanham nossos canais de comunicação: acreditamos
que o músico deve ser valorizado e respeitado em todos os lugares
que atua como tal.
Entretanto, no
ambiente especial da igreja deve-se manter a clareza de que, mais do que
músico, o que se deseja realmente é ser reconhecido como um adorador
que move o coração de Deus, ainda que esse profissional, com sua
comunidade e seu pastor, chegue ao consenso de que é merecedor de ser
remunerado para tocar.
Nossa intenção é
contribuir para um debate saudável e franco e, claro, queremos saber sua
opinião sincera, músico evangélico ou não, sobre esse assunto. Você
acha justo pagar um músico evangélico por seu trabalho na igreja? Qual é
a sua experiência junto à sua comunidade? Use também o espaço em nossas
redes sociais, principalmente na fanpage (facebook.com/SantoAngeloCabos) para trocar ideias em tempo real com outros músicos!
Bom debate e até a próxima!
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